segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Costeletas de Perú no Forno à Moda da Romã


Costeletas de perú? Acho que deve ser a primeira pergunta que fizeram ao ler o título desta publicação, pois o perú não tem costelas!

Ora bem, passo então a explicar a quem desconhece, que as costeletas de perú são feitas através do corte da perna, em fatias, e que dado a sua forma redonda e com osso se assemelham às costeletas normais que vemos à venda.
São um corte que aparece com frequência nos hipermercados, embora nos talhos de comércio local, estas costeletas sejam feitas a pedido.
Aproveito esta receita para partilhar uma história, triste mas que terei que partilhar aqui, pois há muito que ando para contar... o Sr. Paulo, o talhante que me abastecia a carne que consumo em minha casa, faleceu subitamente, em Julho do ano passado. Era um homem na casa dos 40, sempre bem disposto, honesto e com ele aprendi algumas dicas sobre as peças de carne adequadas a cada confecção culinária. Deste 1998 até Julho de 2014 foi o meu talho de confiança. Sabia quais os bifes que o J. mais gostava, preparava-me os frangos, de forma a ter peitos, pernas e coxas e o restante para guisar, cortava o fígado em iscas bem fininhas ao meu gosto, e apesar de inúmeros conselhos que aprendi, não vou esquecer nunca, qual a última peça de carne que me preparou, pois foram exactamente as costeletas de perú. Nesse dia quente de Julho,  tinha eu já terminado as minhas compras e pago inclusive, quando olho para a montra e vejo uma perna de perú; ao qual lhe perguntei porque é que via sempre costeletas de perú nos hipermercados, mas nunca as tinha visto à venda, no talho; ele, prontamente respondeu que as fazia na hora, bastava pedir. Não hesitei e pedi para ele  cortar a perna de perú em costeletas. Nesse dia, despedi-me com um resto de bom fim-de-semana, e que iria na próximo sábado abastecer-me antes de ele fechar para férias, pois em Agosto estaria encerrado. Mal sabia eu, que era a última vez que o via, que me atendia, e que por sinal fez algo que me nunca irei esquecer, sempre que comprar ou fizer costeletas de perú, lembrar-me-ei do Sr. Paulo, do seu sorriso simpático para todos os clientes, pelo atendimento especial às clientes mais idosas, que ele carinhosamente chamava avozinhas. Aos sábados, fosse a que horas fosse estava sempre a casa cheia, as caras que via eram conhecidas, por isso não me admirei do choque que foi quando se soube da notícia.
Estavamos no último fim-de-semana de Julho, passei à porta do talho e estranhei estar fechado, pois as férias seriam na semana seguinte, mas pensei de imediato que algum imprevisto poderia ter acontecido. De facto, aconteceu. Ao chegar ao mercado da fruta, perguntei se sabiam porque é que o talho estava fechado, ao qual me responderam que o Sr. Paulo tinha falecido na 2ª feira, de ataque cardíaco. As pessoas estavam consternadas pelo sucedido e até eu e o J. ficámos sem pinga de sangue. Regressámos a casa incrédulos e com uma tristeza enorme, pois há as pessoas que apesar de não serem família, são parte do nosso caminho, e de facto, ele fez parte do nosso durante 15 anos, aconselhando-nos e servindo-nos a toda a carne de qualidade que consumimos, excusado será dizer que as receitas de carne que fiz e partilhei no blogue eram compradas no seu talho.
Após, este acontecimento fatídico, encontrei um novo talho na localidade onde moro, também de excelente qualidade e confiança, e como tal, independentemente do preço, sou adepta do talho tradicional. Quando procuro, pretendo acima de tudo qualidade e confiança em quem me serve, algo que desconfio nas grandes superfícies. Como a vida é feita de mudanças inesperadas e esta foi uma delas, deixo aqui a minha singela homenagem a quem me ensinou sobre um produto nobre, a carne.

Ingredientes:
1 perna de perú cortada em costeletas (6 a 8)
4 dentes de alho
azeite
1 c. chá  de pimentão-doce ou colorau
sal e pimenta
1laranja
1/2 limão
1 dl vinho branco
gengibre
1 c. chá de mel
1 c. chá de mostarda

Preparação:
Temperar as costeletas de perú com sal, pimenta, os alhos esborrachados, a colher de chá de pimentão doce, um fio de azeite, sumo de 1/2 limão, as ervas de provence e  colocar por cima a laranja em rodelas. Deixar marinar cerca de 1 a 2 horas, para a carne ficar mais macia e saborosa.


No tabuleiro de levar ao forno, deitar azeite a cobrir o fundo.
Dispor as costeletas previamente marinadas.
Ao molho da marinada, juntar uma colher de chá de mel, de mostarda, de gengibre fresco ralado, um pouco de vinho branco e mexer até ficar bem dissolvido. Se necessário juntar um pouco de água.
Verter sobre as costeletas, polvilhar com mais um pouco de ervas de provence.


Levar ao forno, a 170º, cerca de 1 hora. Após esse tempo aumentar a temperatura para 200º e deixar cozinhar mais 30 minutos.
Servir a gosto. Eu acompanhei com Puré de Batata e Batata-Doce e legumes ao vapor.


Hoje ao fazer a receita das costeletas, não poderia deixar de lembrar o Sr. Paulo, fazer uma receita em sua memória. "Sr. Paulo, onde quer que esteja, estas costeletas são para si!"


domingo, 8 de fevereiro de 2015

"Reciclar é Poupar" - Bolo de Claras e Arandos



Quando sobram claras, penso logo em lhes dar um fim digno, ou fazer um empadão fofinho de aproveitamentos ou fazer um doce, preferencialmente um bolo seco que sabe sempre bem ter em casa. Haja imaginação e há sempre uma solução bem sucedida.


De facto, foi uma grande reciclagem: às claras juntaram-se o resto de uma embalagem de iogurte grego e de uns arandos que apelavam para serem usados, pois o frasco estava quase no fim, a pedir  uma nova remessa. Fico feliz quando reuno poucos ingredientes que sozinhos pouco ou nada fariam, mas que brilham juntos, resultando num delicioso e bonito bolo.

Com os ingredientes na mesa, a receita foi-se compondo e, com a ajuda da Bimby, não poderia melhor ajudante nesta tarefa, o bolo foi ganhando forma.

Fica a minha "invenção", para quem se quiser aventurar a experimentar, quem sabe quando as claras sobrarem e não souberem o que lhes fazer.

Ingredientes:
6 claras (200g de claras)
1 ovo inteiro
180g de açúcar
1 pitada de sal
100g de óleo vegetal
100g de iogurte natural (grego)
100g de farinha de trigo com fermento (Gosto de usar a Branca de Neve)
100g de amido de milho (Farinha Maizena)
1 colher (chá) de fermento em pó ( uso sempre da Royal)
100g de arandos secos ou desidratados
raspa de limão e laranja

Preparação:

1. Pré-aquecer o forno a 200º
2. Untar uma forma de buraco, polvilhar com farinha ou pão ralado e reservar.
3. Numa taça, juntar as farinhas, o fermento e os arandos e envolver bem, de forma a os arandos, ficarem completamente "enfarinhados". Aromatizar com a raspa de limão e laranja ( a gosto).
4. No copo da Bimby, com a "borboleta" colocada, deitar as claras, a pitada de sal, o ovo e o açúcar. Bater 7 Min/37º/Vel.4.
5. Retirar a borboleta e juntar o óleo e o iogurte. Bater 10 Seg./ Vel.4
6. Adicionar a mistura da farinha com os arandos. Bater 7 Seg./ Vel.3
7. Deitar de imediato na forma, previamente untada e levar ao forno, a 200º, cerca de 25 a 30 minutos. Fazer sempre o teste do palito, pois está pronto, quando ao espetar o  palito no meio do bolo, ele sai seco.

Nota final: Apesar de ter utilizado o truque de envolver os arandos na farinha, após a cozedura acabaram por ficar todos concentrados na base do bolo, conforme se pode ver pelas fotos. Fora esse pormenor, o bolo ficou delicioso e os arandos deram um toque extra, quer em textura quer em sabor, a um simples bolo, o que me deixou agradavelmente surpreendida.




Bom Apetite!

Nota:Uma ressalva importante que quero deixar bem claro, quando menciono as marcas dos produtos que utilizo, são porque as utilizo sempre e não por qualquer acção publicitária. Eu menciono as marcas porque gosto, pelos resultados obtidos e não porque me pagam para isso ( em dinheiro ou géneros ;)
A diferença das receitas resulta exactamente pela qualidade dos ingredientes e sei que muitas vezes, por exemplo a própria farinha faz a diferença. Após vários bolos feitos, constatei que não há melhor farinha ( para mim, claro) que a Branca de Neve. Na minha despensa, não falta a tradicional Farinha Maizena e o Fermento Royal. Independemente do preço, são as sempre minhas escolhas para os meus bolos.